quarta-feira, 18 de março de 2009

V.
O problema começou quando uma das portas ficou aberta, e aparentemente, alguém entrou. Talvez tivesse acontecido sem querer, ou por erro, mas duvido, porque não era bem o estilo do lugar, nem o caráter do homem. Poderíamos supor que a porta ficou levemente aberta quase por querer, como um meio convite para alguém, estando de passagem, entrar de brincadeira.
Bem, ela o fez, ela entrou, mesmo sem gosto pela brincadeira. Ela o viu, viu que ele era bom e, naturalmente, o amou.

L.B
(minha cara loulou)

...


de longe, suas celas parecem impenetráveis, mais alguns passos e nos deparamos com um espaço plural que arrisco dizer cheio de antônimos sinestésicos. as paredes de ferro são frias e secas, enquanto a madeira nos faz mergulhar em uma umidade que abre nossos poros para cheiros que aguçam a memória olfativa, é o estranho e o familiar, é o distanciamento e a intimidade, é o alívio e a angústia, é aspereza e a maciez, todos coabitam, preenchendo e esvaziando cada célula. os espelhos atuam como brechas-convite, para ir ao encontro de Louise e de si mesmo. ela está ali, esperando, com a cama feita, os lençóis de linho vermelho e as linhas de costura que recriam a memória do antigo ateliê de restauração de tapeçaria em Choisy-le-Roi. agora, é ela quem restaura seu passado, costurando os temores da infância, suas ansiedades, procurando garantir sua sanidade através de sua arte. e, nós, a medida que vamos explorando os ambientes, eles vão crescendo por dentro da gente, visceralmente, percorrendo caminhos conscientemente esquecidos e nos fazendo acordar para uma lucidez outra. Louise nos conforta ao mostrar que não estamos sozinhos no mundo, mas que todos compartilhamos dos mesmos sentimentos de ser e estar.

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